Por Lucas Kurz
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A chuva da tarde deste domingo não espantou os visitantes que foram à 4ª edição da Festa Municipal do Morango. O evento, que ocorreu sábado e domingo, contou com apresentações artísticas, variadas bancas com produtos artesanais, estandes, praça de alimentação e, claro, o grande protagonista: o morango. A fruta, versátil, esteve presente em quase todos os formatos possíveis. Sucos, bolos, cucas, biscoitos, doces, geleias… Enfim, opções para todos os gostos.

No domingo, no Parque Stone Land, as dezenas de expositores celebravam a ótima presença do público, mesmo com a garoa que caiu a tarde toda. Aos 68 anos, a produtora Leia Weinert comemorou a valorização que a cultura da fruta vem tendo recentemente. Filha de produtores, casada com um produtor e responsável pela preparação de doces e derivados vendidos pela família, ela diz que itens como cucas e geleias foram bastante procurados no evento.

Para os visitantes, foi uma grande oportunidade de curtir um dia com música, amplo espaço e diversas opções saborosas. Rafael Gonçalves levou a família inteira pela primeira vez à festa e elogiou bastante, aproveitando para fazer compras para a casa. Morango, suco, tudo era bem-vindo, segundo ele. "Ainda mais com essa qualidade", exclamou. Outra visitante, Leopoldina Chagas, é moradora da zona rural de Pelotas e destacou o incentivo que este tipo de iniciativa traz ao trabalhador rural, como ela, que é produtora de pêssego - cultura que também terá uma festa, em dezembro.

Além dos morangos, feiras de agricultura familiar, de artesanato e dezenas de outros produtos foram colocados no parque. A artesã Magali dos Santos disse que as feiras, em geral, ajudam a vender bastante, mas principalmente a estabelecer contatos com potenciais compradores. Entregando cartões que levam para o Facebook da sua empresa, a Artes da Mag, ela apontou que, mesmo faltando mais de um mês, os produtos de decoração natalina já são bastante procurados. A 4ª Festa Municipal do Morango foi realizada pela prefeitura de Pelotas, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Parque Stone Land, Emater, Embrapa, Sindicato dos Trabalhadores e Agricultores Familiares de Pelotas, UFPel, Santa Fé Eventos e produtores, além de vários apoiadores e colaboradores.

Cultura que cresce alavancada pela tecnologia
Extensionista da Emater, Rodrigo Prestes aponta que a comunidade vem abraçando a ideia. Só no sábado, primeiro dia de evento, o movimento estimado foi de mais de 15 mil pessoas, superior ao das outras edições da festa. No domingo, projeta-se que ainda mais pessoas tenham passado pelo local, embora os dados oficiais não estivessem computados até o fechamento desta edição. "Os produtores não param nunca, estão vendendo. E o feedback do consumidor está sendo muito interessante", pontua. Com expectativa de quase quatro toneladas de vendas da fruta in natura na feira, ele diz que a grande procura por derivados também foi enorme.

Nos últimos dez anos, Pelotas dobrou a área plantada e triplicou o número de produtores de morangos. A tecnologia vem ajudando a fomentar, como com a produção em bancada, que traz mais conforto e a possibilidade de usar cultivares que produzem o ano todo. "Então, foge um pouco da safra, garante um preço um pouco melhor, aumenta a rentabilidade", destaca Prestes. Ele diz que a tendência é de que a produção na região aumente ainda mais.

A jovem Fernanda Motta, 24, e sua família passaram a cuidar da produção do avô neste ano. Já na primeira feira, ela comemora os resultados. "A gente vem tentando inovar, trazer facilidade", conta. Ela diz que a produção, ao invés de ser no chão, agora é feita de maneira elevada, causando menos desgaste a quem trabalha no campo. E, para as vendas, a festa trouxe uma diferença. O público prefere subprodutos, ao contrário da feira, quando a fruta in natura é mais procurada. E a criatividade ajuda a conquistar o consumidor, com geleias diet, sucos sem açúcar e outros produtos, todos de produção familiar.

Premiações que estimulam
Paulo Hartwig, orgulhoso, mostrava o troféu de maior morango da feira, ao lado da fruta de 106 gramas. Mas essa foi só a coroação de uma história que vem sendo cada vez melhor graças à fruta. A família, da Colônia Santa Silvana, planta há seis anos. Chegou a cogitar parar, devido às dificuldades, mas ele diz que os eventos públicos ajudaram a valorizar a cultura. "É uma mão na roda para nós. Ajuda a gente e o consumidor, que compra direto do produtor", ressalta.

Lembrando que, no passado, a população preferia comprar em mercados, comemora que hoje há a confiança e a relação com o produtor. Agora, Hartwig cogita até aumentar a produção. Um diferencial da compra direta é a certeza de ter uma fruta fresca. Ele próprio, quando tem sobras, diz que reserva para os derivados, como sucos e geleias. Na banca, é sempre o morango novinho, colhido pela manhã.

Organizado pela Emater para valorizar o trabalho dos produtores, o concurso premiou três categorias (confira abaixo). Prestes aponta que, dessa forma, também fica demonstrada a qualidade do produto da região, que vem ganhando em competitividade cada vez mais.

Conheça os vencedores
- Maior morango (106 gramas): Paulo Hartwig
- Morango mais doce (11 graus brix): Eliane Harteleben
- Melhor morango (cor, tamanho, aparência, sabor e apresentação): Gederson Venzke